domingo, 6 de setembro de 2020

MORAR DE FAVOR É HUMILHANTE

 

MORAR DE FAVOR É HUMILHANTE

Como disse em postagens anteriores, vivo de favor na casa de uma amiga (Sandra) desde 2004.

Quando eu estava trabalhando de forma regular conseguia, a duras penas, contribuir com algumas poucas despesas da casa como a conta de água, por exemplo.

Hoje, sem trabalho algum, sem poder contribuir com nada, me sinto humilhado por estar jogando nas costas da Sandra todas as despesas. É que eu como, uso o gás que ela compra, uso energia elétrica que ela paga (a conta é altíssima, apesar de usarmos lâmpadas econômicas em toda a casa), e assim por diante. Em resumo: eu sou um pesado fardo para a Sandra.

Nestes meses de pandemia, tenho procurado serviços como freelancer em diversos setores ligados a minha profissão (jornalista). De maio para cá, fiz mais de 500 contatos. Desses 500 contatos, uns 20 responderam aos meus e-mails, dizendo, quase sempre, a mesma coisa: estamos parados devido à pandemia, mas vamos ficar com o seu contato e, quando tudo isso acabar, vamos procurá-lo. É lógico que eu não acreditei, pois a maioria diz isso quase que com as mesmas palavras.

Houve casos em que me disseram, sem um pingo de pudor, que eu teria que PAGAR PARA TRABALHAR. Isso aconteceu há algumas semanas, quando fiz contato com um jornal gaúcho, oferecendo uma coluna de variedades, sem falar em valores. Apenas perguntei a eles quanto eles poderiam me pagar, que qualquer valor seria bem-vindo. A resposta deles foi esta: "Amigo, nós não pagamos nada. Mas cobramos R$ 40 dólares por coluna". O cidadão que me respondeu não sabe nem escrever o português corretamente e não deixou claro que o valor da coluna era 40 reais ou 40 dólares.

Voltando um pouco no tempo, lá pelo mês de abril, entrei em contato com uma produtora de jogos para o ambiente digital, a fim de fazer uma parceria. E enviei as regras de um jogo que criei em 2002, intitulado TEMPO É DINHEIRO. A resposta deles, resumindo bem, foi esta: o jogo é muito interessante e viável. O investimento inicial é de R$ 60 mil. Vamos fechar um acordo? Diante disso, eu perguntei QUANTO eu ganharia com o jogo por mim criado. Então, veio uma resposta mais nítida: EU teria que investir, inicialmente, R$ 60 mil. Isso significa que EU TENHO QUE PAGAR. Que parceria é essa? Só eles ganham? E eu?

Conclusão de tudo isto que eu escrevi até agora: morar de favor é humilhante. Eu tenho que me sujeitar às regras da casa, que é da Sandra, e não tenho um pingo de moral e respaldo econômico para reclamar de nada. Tenho que dançar conforme a música.  

Não vejo luz no fim do túnel. A Sandra, até hoje, fez tudo o que pôde por mim, eu apenas gostaria de ter um bom rendimento mensal para tentar retribuir, pelo menos um pouco, o que ela fez por mim nestes últimos 16 anos. Mas ninguém deixa. Querem que eu pague para trabalhar. Querem que eu pague para ver um jogo meu produzido. 

No próximo post, mais detalhes do inferno que estou vivendo nestes tempos de pandemia.



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