terça-feira, 8 de março de 2011

Acredite se Quiser e Duvide se Puder

CACHORRINHO DE MADAME

Andando pelo centro, numa bela tarde de primavera, me deparei com uma cena no mínimo insólita: uma jovem senhora trazia à coleira um pequeno cachorro, todo vestido, que ainda usava óculos escuros. A mulher passeava calmamente pela rua conversando com o cachorro. Às vezes, parava defronte de uma vitrine, mostrava-lhe alguma coisa e pedia opinião ao animal. Este, em alguns momentos latia, como se estivesse entendendo o que sua dona falava. A mulher não perdia tempo: entrava na loja e saía de lá com um pacote. Fiquei acompanhando, de longe, essa senhora, por cerca de uma hora. Contabilizei três latidos frenéticos de seu cão, três entradas em lojas e não sei quantas sacolas e pacotes. Este mundo está ficando mesmo uma comédia!

José Maria T. Lisboa – São Gonçalo (RJ)

O ÚLTIMO ADEUS

Meu avô estava muito mal no hospital, quase morrendo. A família toda consternada, pois ele era muito querido. Na noite em que ele morreu, eu estava em casa, sozinha, passando a roupa que usaria no dia seguinte no meu trabalho. De repente, o ferro de passar esfriou, assim, de uma hora para outra. Achei esquisito isso e fui pegar o ferro sobressalente que eu tinha guardado. Um segundo antes de ligá-lo na tomada, senti algo gelado tocar a minha mão e, em seguida, um forte aperto no peito. Na hora, comecei a chorar, e, não sei por que, liguei para o hospital. Quem atendeu foi a minha irmã mais velha, aos prantos, dizendo que o nosso avô havia acabado de falecer. Pus o telefone no gancho e senti o perfume que meu avô costumava usar. Parei de chorar, me ajoelhei no meio da sala, fiz uma prece em intenção de sua alma e voltei a passar a roupa. Só depois que terminei tudo é que reparei em um detalhe: eu não cheguei a ligar o ferro sobressalente na tomada; eu estava usando o ferro que havia esfriado repentinamente, e ele voltou a funcionar como por encanto. Aquilo tudo, acredito, foi o último adeus do meu avô.

Márcia Prates da Silva – São Paulo (SP)

AZARADO, EU?

Toda vez que dizem para eu jogar na loteria, eu digo que sou azarado, que eu jamais ganharia dinheiro em jogo. Um dia, um amigo meu me mostrou o volante de uma nova loteria, que consistia em escolher 5 dezenas entre 100 disponíveis. Ele mandou que eu desse um palpite e escolhesse 5 dezenas. Brincando, eu disse que era tão azarado que iria marcar 95 e não acertar nenhuma. Meu amigo não acreditou e disse que me daria 1000 reais se isso de fato acontecesse. Peguei o volante, marquei 95 dezenas, fiz uma rubrica e entreguei a ele.

Dois dias depois, meu amigo chegou em casa, segurando um jornal embaixo do braço, olhou-me demoradamente e ficou um tempo em silêncio. Tirou do bolso o volante onde eu havia marcado as 95 dezenas e me mostrou o jornal. Ali estava o resultado da loteria: acreditem, eu não acertei nenhuma dezena!

S. G. – Belo Horizonte (MG)

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