Sem muita idéia do que postar, recorri a um velho arquivo, onde existem histórias engraçadas envolvendo a simpática gente do interior do Brasil. Eis a primeira história…
TONHO DAS LARANJAS
Dizem que no interior de Minas Gerais acontecem coisas que até Deus duvida. O pessoal tem o costume de contar muita estória de assombração.
Tem uma estória que pouca gente conhece e aconteceu há muito tempo, numa cidade pequena do interior.
Tonho das Laranjas tinha uma fazenda não muito grande, onde ele plantava milho e laranja, o seu ganha-pão.
Tonho era viúvo e vivia com a filha, Dalva, uma moça bonita e vistosa, que já estava na idade de se casar.
Numa noite de lua cheia, Tonho ouviu um barulho esquisito do lado de fora da casa e saiu para espiar o que era. Então, ele viu um vulto meio esbranquiçado afastar-se de repente.
Tonho voltou pra dentro de casa e foi procurar a espingarda:
- Deve de ser ladrão, uai! – disse o fazendeiro, nervoso.
Quando foi pegar a arma, notou que a filha não estava em seu quarto e ficou meio zureta das idéias.
Ao voltar para a sala, Tonho se deparou com Dalva entrando, toda descabelada e ofegante:
- Pai, socorro! Tem arguma coisa esquisita lá fora... e que me atacô!
Tonho armou a espingarda e saiu feito um doido. Deu dois tiros para o alto e depois de alguns minutos voltou para casa e encontrou Dalva choramingando:
- Fala... o que aconteceu, fia?
- Num sei, pai... Eu tava na casa da Bentinha e antes de escurecer, eu vim embora... No meio do caminho, eu ouvi alguém bolindo o mato e quando quis sair correndo, senti umas mão fria passá no meu corpo... Quase desmaiei!
No dia seguinte, Tonho fez uma verdadeira diligência pela fazenda. Não encontrou nada. Apenas marcas de bota. De gente. E Dalva continuava nervosa, só falando na tal coisa que havia tentado bolir seu corpo.
Naquela noite, o mesmo aconteceu. Tonho ouviu ruídos estranhos do lado de fora da casa e viu que Dalva não estava em seu quarto, como era o seu costume.
Então, em vez de dar alarme, Tonho saiu, pé ante pé, e acabou flagrando a filha com um matuto, aos beijos e abraços, no meio da escuridão. O rapaz tentou se escafeder, mas Tonho o dominou e disse:
- Ocê vai casá com a minha fia, porque desonrou ela!
O fazendeiro, muito irritado, segurou nos fundilhos do matuto e o levou até o alpendre da casa, onde havia luz. Quando olhou para a cara do sujeito, quase teve um colapso:
- Ocê é feio demais! Ocê num vai casá com a minha fia, não! Mas ocê num vai sair desta sem um castigo...
E Tonho fez o matuto se casar com sua prima, uma solteirona que já beirava os 50 anos e era feia pra danar.
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