segunda-feira, 6 de julho de 2009

Ficção – O Homem Que Comprou a Morte – Final

Roberto agora estava diante de um terrível dilema: seria assassinado, mas não sabia por quem.

É claro que ele correu e foi atrás de Carlão, mas na boca disseram que Carlão havia sumido. Ele contou toda a história para um sujeito ali que não gostou muito do papo de Roberto e o enxotou da favela, dizendo que, se ele ficasse morcegando muito tempo por ali, seria depenado. Ou morto.

Roberto saiu voando da favela e foi tentar descobrir onde estava Carlão. Visitou os lugares em que os dois costumavam ir quando eram jovens. Procurou amigos em comum e… nada.

Agora, a coisa estava feita: Roberto havia encomendado a própria morte, Carlão estava desaparecido e ele não sabia quem iria acabar com a sua vida.

Correu para sua casa e desabafou tudo com a esposa. Esta só pôde rir ao ouvir a história de Roberto:

- Você sempre pareceu ter um parafuso a menos, mas… dessa vez… você se superou, querido!

Foram as únicas palavras que Leonor, esposa de Roberto há mais de 25 anos, soube dizer. É, o casamento deles nunca foi lá essas coisas. Leonor casou-se com Roberto por puro interesse. Enquanto ele estava apaixonadíssimo por Leonor, esta o fazia de gato e sapato. Durante o casamento, não foram poucas as vezes que Leonor saiu dos trilhos e traiu Roberto. O pobre homem (pobre no sentido de ingênuo) sabia que Leonor não o amava, mas ele gostava dela assim mesmo.

Os dias foram passando. Roberto ficou em casa. Nada de ir à empresa, nada de ir à rua. Afinal, Carlão disse que Roberto seria assassinado em até três dias. Ficando em casa, estaria livre, foi o que pensou, sentindo até um certo alívio.

No terceiro dia, Roberto acordou cedo, olhou para o lado e não viu Leonor. Estranhou. De repente, Leonor entrou no quarto, deitou-se ao lado de Roberto e de baixo da cama tirou um revólver, que tinha um silenciador. Apontou a arma para o marido e disse:

- Que sua vontade seja feita, querido!

Roberto não teve tempo de falar mais nada, nem de tentar recomprar a própria vida. Leonor deu três tiros certeiros no coração de Roberto e saiu correndo.

A partir daí, não se sabe mais nada a respeito de Leonor, só que a polícia nunca conseguiu capturá-la.

2 comentários:

Rafhaelbass disse...

Fantástico, já esperava o final, de acordo com o desenrolar, mas mesmo assim muito bom, essas duas partes me tras muita reflexão sobre a vida.
Sobre o dinheiro e as bobeiras que acabamos fazendo...

Bronca no Trombone disse...

Meu vizinho, que foi diretor da Record por mais de 30 anos, dirigiu esses teleteatros na TVS em 1982. Ele sempre dizia que os mexicanos sabem mexer com o sentimento humano como ninguém. Eu usei o mote central do teleteatro, que inclusive tem o mesmo nome, e só alterei algumas coisas. Por isso, deixei claro que o texto foi livremente inspirado em um original de Marissa Garrido. Para mim, esta é a melhor história dela.

Obrigado pelo comentário, amigo!

Abraços,

André