segunda-feira, 27 de julho de 2009

Fim de Noite – À Espera do Amor

Ouvi esta história há muitos anos e, confesso, por não me lembrar de todos os detalhes, vou usar nomes fictícios apenas com a intenção de situar o leitor. A história, em si, nada tem de fictícia. Trata-se de um caso conhecido por muitas pessoas e que mostra, mais uma vez, como o Plano Espiritual intervém em nossas vidas no momento certo.

Hélio já contava com seus 60 anos de idade. Havia 35 anos que era casado com Sônia e dessa união nasceram 7 filhos: quatro homens e três mulheres.

Um dia, Hélio ficou gravemente enfermo. Foi levado para o hospital e ali disseram à família que seu tempo de vida era pouco. Sônia, desesperada, procurou entrar em contato com os filhos. Conseguiu localizar seis, pois um deles, Armando, estava na Europa, em país não sabido. A família dependia de ele telefonar, o que fazia sempre toda semana, nas segundas-feiras à noite.

O problema é que Armando parou de dar notícias e a família começou a ficar preocupada. Sônia, a mãe, nem dormia direito, pois Armando era, a seu ver, o filho preferido de Hélio. Os demais filhos, é óbvio, desconheciam esse fato.

Os médicos eram totalmente pessimistas em relação ao quadro clínico de Hélio. Toda vez que Sônia, ou algum dos filhos, ia visitá-lo no hospital, os médicos sempre diziam:

- Desta noite ele não passa!

E assim foi durante meses. Hélio melhorava, depois piorava. Saía da UTI e ia para o quarto. Ficava lá um ou dois dias, piorava novamente e retornava à UTI.

A família, agoniada, já sabendo que nada mais podia ser feito, voltou as atenções para o filho Armando, desaparecido até aquele momento.

Certa vez, Hélio, que estava na UTI, recobrou a consciência e disse à esposa:

- Só posso morrer em paz depois de ver o Armandinho e dizer-lhe uma coisa...

- O quê, meu querido? – quis saber a esposa, curiosa.

- É um assunto entre o Armandinho e eu... – disse Hélio, com muita dificuldade, já que estava todo entubado.

Sônia ficou mais agoniada ainda. O que Hélio teria de tão importante para dizer ao filho?

O sofrimento de Hélio durou quase 10 meses. Seu entra-e-sai da UTI já havia se tornado algo comum naquele hospital. E os médicos já não sabiam mais o que dizer. Só afirmavam uma coisa:

- Daqui, deste hospital, o seu Hélio não sai mais... – disse o doutor Alencar.

Sônia quis saber o porquê de o marido estar vivendo toda essa agonia. Esse médico, por coincidência, era espírita. Ele pegou as mãos de Sônia, respeitosamente, e disse:

- Não sei se a senhora vai acreditar... Mas isso faz parte de uma dívida cármica...

- Dívida cármica??? Mas isso que o senhor tá falando é coisa de espiritismo, não é?

- Sim. Eu sou espírita... – disse o médico, suavemente.

- Eu já não sei mais no que acreditar... Há quase um ano eu venho a este hospital, presencio o sofrimento do meu marido, vem o médico e diz que ele não passava daquele dia e, no dia seguinte, a mesma coisa...

- Não posso afirmar nada, pois não sou médium nem vidente... mas, pelo quadro do seu marido, algo inédito aqui no hospital, só posso acreditar em dívida cármica ou algo desse tipo... Mas, infelizmente, não dá para a gente afirmar isso ou aquilo, pois o Espiritismo não trabalha com suposições... – disse o médico, de modo bem didático.

Sônia se interessou pelo assunto e, naquele dia mesmo, após sair do hospital, passou em uma livraria e comprou vários livros sobre Espiritismo. Chegou em casa e, apesar de exausta, agoniada e triste, pôs-se a ler o primeiro deles.

Após dez dias, a agonia de Hélio continuava. Sônia já havia lido quatro livros e, pela pouca informação que conseguiu obter, entendeu, pelo menos um pouco, o porquê de o marido estar passando por tanto sofrimento.

A partir desse dia, Sônia começou a conversar muito com o doutor Alencar. Nas conversas, o médico, aos poucos, foi tirando o peso do coração de Sônia, que, por sua vez, transmitia as mensagens e ensinamentos que recebia para os filhos.

O médico, na verdade, estava como que “doutrinando” Sônia e a família, a fim de prepará-los para o desenlace de Hélio.

Numa tarde, Sônia chegou ao hospital e procurou o doutor Alencar. Conversaram e ele arriscou um palpite:

- Nunca quis dizer isso à senhora, mas agora, diante do seu preparo, acho que posso...

- O quê??? – perguntou Sônia, preocupada.

- O desencarne do seu esposo só vai acontecer quando ele conseguir realizar o último desejo, o de ver o filho primogênito, que tanto ele quer ver!

- Será??? – perguntou Sônia, mais tensa ainda.

- É o que está parecendo... – disse o médico.

E o palpite do doutor Alencar estava certo. Após meses sem dar notícias, Armandinho telefonou para casa, ficou sabendo da doença do pai e, em dois dias, estava no Brasil. Quando foi ao hospital vê-lo, a família toda estava lá. Entrou no quarto do pai, ficou exatos 15 minutos ali e saiu, chorando muito. Olhou a mãe e os irmãos e disse:

- O papai acabou de falecer!

Todos choraram muito. Doutor Alencar estava por perto, mas não quis intervir. Depois que Sônia se recuperou do baque inicial da notícia, chamou Armandinho de lado e perguntou:

- Filho, o que o seu pai tanto queria te dizer?

- Uma coisa que, segundo ele, nunca me disse em vida...

- O quê? – perguntou Sônia.

- Que ele me amava...

2 comentários:

LISON disse...

Saudações!
Amigo ANDRÉ
Excelente Post!
Devo lhe dizer que particularmente acredito na história explanada...Penso que foi melhor para ambos!
Existe realmente o carma e o darma!
Parabéns pelo Post!
Abraços,
LISON.

Bronca no Trombone disse...

Amigo Lison, te conto que essa história eu conheço há muito tempo e, de fato, envolvia 7 filhos e um deles estava perdido no exterior - perdido no sentido de não dar notícias à família. E o velho pai só morreu quando conseguiu falar com esse filho que apareceu muitos meses depois de o pai ter sido internado em estado grave. Em 2000, algo semelhante ocorreu com uma senhora que tinha o marido no quarto ao lado onde estava o meu pai. Ele estava desenganado, mas resistia. Aí, eu perguntei a ela se faltava alguma coisa para ele fazer. Ela disse que era ver a neta. Aí, eu disse para ela me perdoar, mas tão logo ele realizasse o seu desejo, partiria. Dito e feito: o homem viu a neta e morreu em seguida...

Abraços,

André