Peguei o jeito de traduzir, já sem precisar do dicionário, com um mês e pouco. Tenho facilidade de aprender sozinho coisas que me interessam.
Em 1987, o Crayton me ligou e disse:
- Pode dedicar-se à faculdade e traduzir quando tiver tempo. O Silvio, de novo, cancelou novelas…
Em 1988, levei o restante dos capítulos traduzidos (até o 204) e o Crayton me pagou Cz$ 1.800,00 por capítulo (no meio do ano isso dava uns 10 dólares!).
Fiquei no desvio e nunca mais fui à TVS (já era SBT) na Vila Guilherme. Um dia, deu na veneta de ir lá ver o Crayton. Este olha para mim e diz:
- Me dê o seu telefone de novo, porque eu tentei te ligar para traduzir “O Grande Pai” e não te achei.
É que o meu telefone havia mudado. E o meu pai sempre dizia:
- André, com esse pessoal, você deve estar sempre ligando, nem que seja só para dizer que está vivo.
Se eu tivesse seguido o conselho do meu pai, teria traduzido “O Grande Pai”, seriado argentino que o SBT exibiu no comecinho da década de 90.
Um dia, o Baroni me convidou para fazer parte de um grupo que ressuscitaria “A Turma dos Sete”, seriado exibido pela TV Record nas décadas de 50 e 60. O produtor seria James Ackel, que, na primeira versão da série, era o menino Bebeco, de 5 anos.
Mais uma chance de virar autor. O James gostava de tudo o que eu escrevia.
Chegamos a gravar um “piloto” (gravação tipo amostra) para oferecermos às emissoras depois.
Na época, o SBT passava “Carrossel”, fenômeno de audiência para a emissora. E a atriz que fazia o papel de professora Helena estava no Brasil. Aí, o pessoal da revista Contigo me ligou em casa, por eu ser o autor de “A Turma dos Sete”, a fim de que eu fizesse uma pergunta para a atriz Gabriela Rivero, a professora Helena. Fiz uma pergunta simples, mas nem foi publicada. Houve um problema que prefiro não relatar aqui e a Contigo não quis mais saber da gente. E a Amiga, idem.
Antes de gravarmos o piloto, houve uma reunião com os atores e o pessoal me cumprimentou pelo texto, não acreditando que eu, totalmente desconhecido do meio artístico, pudesse ter escrito aquele texto – era uma história sobre um disco voador que as crianças encontravam e as aventuras que decorriam daí.
É… não deu jeito mesmo. Mais uma vez, o sonho de autor estava sendo esfacelado, e não por minha culpa. Antes de o projeto ter o seu final decretado, o Baroni pulou fora (ele era o diretor), pois não concordava com o que estava sendo feito.
Em 1992, a atriz (já falecida) Maria Aparecida Baxter me convidou para escrever uma série do tipo “Era uma vez…”, onde uma vovó, no caso ela, contava aos netos histórias verdadeiras, ocorridas no nosso país. Seria um programa infantil e cultural ao mesmo tempo. Eu topei na hora!
CONTINUA AMANHÃ…
0 comentários:
Postar um comentário