quarta-feira, 13 de maio de 2009

O Pacto

mãos

Armando era um poderoso empresário, rico, famoso, que adorava aparecer em colunas sociais.

Um dia, no entanto, sofreu um duro golpe: seu sócio deu um desfalque gigantesco na empresa e sumiu, sem deixar vestígios.

Ao saber da notícia, por meio do seu secretário particular, Armando desabafou:

- Por que diabos isso tinha que acontecer justamente comigo?

O tempo pareceu congelar. Depois de alguns instantes, seu secretário já não estava mais na sala, e sim um homem muito bem trajado, de porte imponente e sorriso malicioso:

- Quem é você? Como entrou aqui? – perguntou Armando, confuso.

- Sou o que se pode dizer a solução dos seus problemas, meu caro Armando Todeschi… – disse o homem, sorrindo maliciosamente.

- Como sabe o meu nome??? – questionou Armando, cada vez mais confuso e nervoso.

- Isso não importa! Estou aqui para lhe propor um pacto…

- Pacto??? – perguntou Armando, cada vez mais desorientado.

- Sim, um pacto. Eu te devolvo, ou melhor, eu te dou cem vezes o que o seu sócio levou de você, mas você tem que me dar o que é mais importante na sua vida!

Ganancioso como era, Armando não percebeu o que o homem havia lhe proposto e aceitou, sem ao menos se lembrar que o que era mais importante em sua vida era a sua filha Jéssica, a quem ele amava quase de maneira doentia:

- Fechado! Eu lhe dou o que tenho de mais importante na vida, mas quero agora o que você me prometeu!

- E terá direito a mais um desejo!

- Mais um? Quero ser imortal! Quero ficar vivo para sempre… para a eternidade! – disse Armando, já mais aliviado.

- Desejo concedido. A partir de agora, você está cem vezes mais rico do que uma semana atrás, é imortal e o que lhe é mais importante na sua vida passará a me pertencer quando você disser pela terceira vez o meu nome…

- E qual é o seu nome?

Ao perguntar isso, o homem desapareceu aos olhos de Armando.

Este, agora, era um outro homem. Ele havia acreditado em tudo que o sujeito lhe tinha dito.

Chamou o secretário e disse:

- Mande o motorista tirar o carro. Vamos passear!

O secretário estranhou, mas cumpriu a ordem imediatamente.

E lá foi Armando passear pelo centro da cidade. Havia, porém, um trânsito pesado e o carro mal andava. Então, Armando explodiu de raiva:

- Que diabo é isso!

Falou essa frase e sentiu uma forte pontada no peito.

De repente, o trânsito ficou bom, sem explicação alguma.

Logo mais adiante, bandidos, em duas motocicletas, cercaram o carro de Armando e mandaram ele descer. Ele desceu sorrindo. Os marginais não entenderam nada. O mais nervoso do grupo resolveu acabar com aquela cena ali mesmo: tirou um revólver da cintura e disparou 12 tiros contra o peito de Armando, que não sentiu nada. Assustados, os bandidos foram embora. O secretário mal podia acreditar no que acabara de presenciar.

Armando, cheio de si, disse ao secretário:

- Vamos à casa da Glória… Sinto saudades dela…

- Mas… a Glória??? Ela explora o senhor a torto e a direito!

Armando explodiu novamente:

- Pare de tentar me controlar! Que diabo!

Falou isso e sentiu uma forte dor no peito novamente.

O secretário e Armando entraram no carro e rumaram para a casa de Glória, uma amante que ele vinha mantendo havia uns 15 anos.

Chegando à casa de Glória, Armando constatou que esta havia mudado e não tinha deixado o novo endereço com ninguém. Daí, explodiu de raiva novamente:

- Mas o que está acontecendo comigo hoje, hein!? Que diabo!

Novamente, sentiu uma forte pontada no peito.

Em seguida, o celular tocou: era a governanta de sua casa, avisando que Jéssica, sua filha, havia rolado escada abaixo e estava morta, no chão da sala.

Desesperado, Armando disse ao motorista:

- Vamos correndo pra minha casa! Acho que… Ah, eu não acho nada… Vamos!

O secretário e Armando entraram no carro e este saiu em disparada, mas no primeiro cruzamento o carro deles bateu contra um caminhão. O choque foi muito forte. O secretário e o motorista de Armando tiveram morte instantânea. Armando ficou preso entre as ferragens.

Dez minutos depois, chegou o resgate e, só após trinta minutos, Armando foi retirado das ferragens e levado para o hospital mais próximo do local.

No hospital, Armando recebeu os primeiros socorros e foi para o quarto. Estava como que dormindo. Aí, entraram três médicos que disseram:

- É um caso sério… Ele vai ficar tetraplégico… e assim ficará até o último dia de sua vida.

No corredor do hospital ouviu-se uma gargalhada tenebrosa…

 

(A IMAGEM PERTENCE AO SITE: http://bibliotecadigital.ilce.edu.mx/sites/colibri/cuentos/tumba/htm/sec_2.htm)

2 comentários:

Rafhaelbass disse...

Muito boa a estória... isso mostra que o dinheiro é importante, e muito, na nossa vida, mas não é tudo...

Minha vó sempre falava: "Quer conhecer o verdadeiro caráter de alguém, dê-lhe um bocado de dinheiro"

Bronca no Trombone disse...

Raphael, você falou tudo. Conheço gente que deixa o dinheiro subir à cabeça como num passe de mágica. Eu gosto do dinheiro, INFELIZMENTE, mas só o suficente para eu me vestir, me alimentar, precisar pegar um táxi, um vôo etc. Sem luxos, sem ostentações.

Obrigado pelo comentário que caiu como uma luva no meu post!

Abraços,

André