quarta-feira, 6 de maio de 2009

A mediunidade de minha mãe – PARTE 4

mãe

Eu não sabia, meu pai não sabia, ninguém sabia… mas a minha mãe já estava pronta para partir. Vivia adoentada, deitada no sofá da sala, onde às vezes ficava por três dias, levantando-se apenas para ir ao banheiro ou a cozinha. Banho? Nem pensar.

Certa vez, minha mãe foi incumbida de fazer dois pratos grandes de doces para uma festa que aconteceria no dia seguinte no centro espírita. Ela aceitou a encomenda e deixou sobre a mesa da sala duas latas de leite condensado, forminhas para doces etc. E tudo acabou ficando ali mesmo, pois ela se recusava a sair do sofá.

Naquele dia, à noite, eu estava no quarto, escrevendo a minha novela espírita (“Almas Gêmeas”), quando ouvi um barulho de louça sendo lavada. Aí, imaginei: “É a Marlene que veio dar uma força para a minha mãe, coitada”. E continuei escrevendo. Depois de uns 10 minutos, desci para tomar leite e quem encontro na cozinha?

A minha mãe, diante da pia, lavando uma pilha enorme de louça, panelas etc. E com uma energia que eu jamais havia visto na minha vida! Achei curioso aquilo e disse:

- Melhorou, mãe?

- Eu não sou sua mãe! – disse ela com um tom estranho de voz.

Eu, como sempre metido a engraçadinho, disse:

- Tá, você então é o meu pai!

Aí, veio a bronca:

- Saiba, mocinho, que o meu nome é Frida. Sou uma enfermeira alemã, que só veio para ajudar a sua mãe, porque ela tem um filho que não presta para nada, nem para lavar uma louça!

Engoli um seco. Cheguei até a bater boca com a tal de Frida, mas meus argumentos foram insuficientes. No final, Frida, muito brava, disse:

- Pelo menos, faça uma coisa por sua mãe: leve um copo grande com água, pois eu lhe tirei muita energia e a água vai lhe devolver essa energia. Bom, vou levá-la para o sofá…

Quando eu estava passando da cozinha para a sala, já com o copo d’água na mão, notei que havia dois pratos grandes de doces em cima da mesa, muito bem feitos, por sinal. Me arrepiei!

Fiz o que Frida ordenou. Quando minha mãe, já deitada no sofá, abriu os olhos, lá estava eu com outro copo d’água na mão:

- Ai, André, para que você está com essa água aí?

Sentido, pelas broncas que levei de Frida, disse:

- Mandaram te dar!

Minha mãe começou a chorar convulsivamente, dizendo que todos estavam deixando-a louca. Não bebeu a água e, pensando em se levantar do sofá, viu, na mesa da sala, os docinhos que ela teria de ter feito para a festa no centro espírita do dia seguinte.

Parou de chorar e disse:

- A Marlene esteve aqui?

- Não, por quê? – respondi.

- Então… então… foi você quem fez os docinhos, André? Não acredito, meu filho! – e chorou emocionada.

- Não, mãe… quando eu desci, meia hora atrás, os docinhos estavam ali na mesa, prontos… mas nem a Marlene veio aqui nem eu fiz os docinhos.

Minha mãe se descabelou. Começou a gritar que estava ficando louca, que eu estava deixando-a louca, que eu inventava tudo aquilo para deixá-la transtornada. Por mais que eu argumentasse e dissesse que ela vinha recebendo espíritos, não adiantava: ela ficava mais e mais nervosa…

 

CONTINUA AMANHÃ…

0 comentários: