Parecia que aquele namoro estava fadado a um final triste, melancólico. Édson já não era mais o namorado apaixonado e envolvente que Débora conhecera 3 anos atrás.
Hoje, ele era um rapaz sisudo, chato, pedante e, por muitas vezes, arrogante. Principalmente com ela.
Não era novidade alguma ver Édson tentando humilhar Débora perto dos amigos. Principalmente os dela.
Todos ao redor de Débora a advertiam:
- Débora, pula fora desse namoro. Esse Édson é um casca-grossa, que só está esperando a hora certa pra te meter um pé nos fundilhos!
- Não! Eu amo ele! Quero ficar com ele! Morro por ele!!!
As respostas de Débora eram sempre as mesmas. Ela não admitia que Édson já estava cansado do namoro e fazia de tudo para cair fora. Havia quem apostasse em outra coisa:
- Débora, o Édson deve estar de olho em outra garota, por isso faz essas coisas pra se ver livre de você!
- Não! Eu sou a única na vida dele! Se ele é grosseiro de vez em quando, é o jeito dele... Eu conheci ele assim!
- Mentira! No início do namoro de vocês, ele te curtia às pampas!
- E continua curtindo!
- Mentira! Faz duas semanas que ele não aparece pra te ver e nem telefona...
- Ele tá com problemas na família...
- Mentira! Ele mal dá bola pra aquela família de doidos dele!
- Ele está tendo problemas com a família, sim...
- Mentira! Ele só tá te enrolando!
Meses se passaram e Édson estava cada vez mais frio e mais agressivo com Débora. Um dia, em frente à casa dela, o rapaz soltou esta:
- Gata, é melhor a gente dar um tempo...
- Por quê??? – perguntou Débora, incrédula.
- Porque não tá mais dando pé... Eu não tô mais a fim...
- Não acredito! Você, que sempre disse que me amava, agora tá querendo pular fora?
- Sabe o que é? Enjoei...
- Bem que meus amigos me avisaram...
- Ah, é? E o que os seus amigos disseram?
- Que você estava fazendo de tudo para acabar com o nosso namoro!
- Mentira! E para provar que eles não sabem o que estão dizendo... a gente continua!
Débora se atirou no pescoço de Édson e os dois se beijaram. Ou melhor, Débora beijou Édson, pois ele não estava mais nem aí com a moça...
Os anos se passaram, uns dois ou três, talvez. Édson e Débora ficaram noivos, de aliança e tudo:
- Tá vendo como o Édson me amava e eu era única para ele? – disse Débora, provocando seus melhores amigos.
- Esse cara não te ama! Tá se casando sei lá por que motivo...
- Ele me ama, do mesmo jeito que eu o amo... – disse Débora, feliz.
O mesmo não se podia dizer de Édson que, a sós com um amigo, confessou:
- Só continuei com ela pra calar a boca daqueles amiguinhos mauricinhos dela...
- Que fria que tu tá se metendo, Ed... – disse Rodolfo.
- Bota fria nisso! – replicou Ronaldo.
- Ah, mas hoje em dia casar e descasar é tão fácil quanto tirar uma roupa e vestir outra...
Édson e Débora se casaram. A igreja estava quase vazia. Pouca gente compareceu. Dos amigos dela, ninguém foi à cerimônia. Débora ficou triste e chorou. Já no altar, levou uma bronca de Édson:
- Ih, não começa com frescura... Agora, você é uma mulher casada!
A lua-de-mel foi um desastre. Os dois ficaram quinze dias no Caribe. Édson saiu todas as noites, deixando Débora sozinha, no quarto do hotel.
Na última noite, Édson disse para Débora:
- Você volta pro Brasil. Eu fico!
- Ahn??? Como é que é??? – quis saber Débora.
- Arrumei uma coroa gostosa, que tá a fim de me bancar... pro resto da vida... dela!
E Débora voltou para o Brasil, sozinha, vazia, triste e sem saber o que fazer. Os amigos até tentaram chegar perto, pois ficaram sabendo de tudo o que havia acontecido na lua-de-mel, mas ela pôs todos para correr:
- Isso foi praga de vocês, pois o Édson sempre me amou... e sempre vai me amar!
- Ah, é? E cadê ele agora?
- Construindo um futuro para nós dois...
- Dando golpe numa gringa rica?
- Não interessa... Ele faz isso porque me ama! Ele, sim, me ama de verdade!
2 comentários:
Aff, coisa de novela...
E o pior é que vemos isso na vida real, eu mesmo... já vi algo parecido ¬¬
Abraços!
Raphael, me inspirei em vários casos reais que vi ao longo da vida e fiz uma mistureba que deu nesse conto. Assim como tem mulheres que não enxergam nada além do seu amado, há homens também (eu fui um que caiu em várias armadilhas, né?) que se submetem a tudo para não ficarem sozinhos. É a vida real com roupagem de conto.
Obrigado pelo comentário!
Abraços,
André
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