terça-feira, 28 de abril de 2009

Agora, falando sério: a hiperinflação na Hungria

pengo

Pouca gente sabe que a maior inflação de todos os tempos foi a da Hungria, na década de 40, no chamado pós-guerra. Para vocês terem idéia da magnitude da coisa, em um mês o índice de inflação foi de assustadores 100 quatrilhões por cento. Isso mesmo: 100.000.000.000.000.000%.

Os preços aumentavam de 6 em 6 horas e eram comunicados por rádio e alto-falantes espalhados pela cidade. Dobravam a cada 13,5 horas e, ao final do dia, já tinham triplicado!!!

As pessoas, assim como aconteceu na Alemanha, que chegou a ter cédulas de trilhões de marcos, na década de 20 (mais precisamente entre 1922 e 1923), levavam sacolas cheias de notas de pengõ, a moeda húngara da época, para… comprar uma bengala de pão!

Na Bolívia, na década de 80, quando lá se mudava de presidente como alguém muda de roupa, a inflação alcançou níveis superiores a 40.000% e muita gente chegava nas feiras livres, arrancava um dente de ouro da boca para pagar as compras!

A Argentina viveu algo parecido, quando um peso, na década de 80 também, perdeu 6 zeros. Me lembro direitinho de uma reportagem que vi na TVS (hoje, SBT) dizendo que Cr$ 1,00 comprava 6 milhões de pesos. Em seguida, mostraram uma feira livre em Buenos Aires, onde uma maçã custava 1,5 milhão de pesos. Aí, fiz as contas e vi que, aquele mísero Cr$ 1,00, que no Brasil comprava acho que algumas poucas balas, dava para comprar 4 maçãs na Argentina!

O Brasil chegou a ter uma inflação anualizada perto da casa dos 5.000%, anos antes do advento do Plano Real, em 1º de julho de 1994.

A Turquia, recentemente, cortou seis zeros de sua moeda, a Lira, mas os índices de inflação não estavam na estratosfera.

No link abaixo, uma cédula de 100 quintilhões de pengõs:

http://www.forum-numismatica.com/viewtopic.php?f=13&t=28801

 

Trecho da Revista Veja, de 4 de junho de 2008:

HIPERINFLAÇÃO NA HISTÓRIA: O caso mais estudado é o da Alemanha, entre agosto de 1922 e novembro de 1923, período em que os preços subiram 10 bilhões de vezes. Mais devastadora foi a hiperinflação húngara, de agosto de 1945 a julho de 1946: os preços ficaram 4 octilhões (4 vezes 10 elevado à 27ª potência) de vezes maiores.

Trecho da Folha Online, de 21 de abril de 2009:

A inflação acumulada na cidade de São Paulo, desde que o cálculo semanal começou a ser feito há 70 anos, ultrapassa os 283 quatrilhões por cento, segundo apuração da Fipe. O índice considera a primeira apuração, de fevereiro de 1939, e a última, de janeiro deste ano.

Agora, é a vez do Zimbábue (que vai bater o recorde da hiperinflaçao húngara logo, logo), que deve ter um taxa anualizada de 90 sextilhões por cento em breve:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u497477.shtml

2 comentários:

ivandro disse...

Esta informação é bem curios o Brasil ja viveu dias assim.

Bronca no Trombone disse...

Amigo, te respondi lá no diHITT, mas posto o comentário aqui na íntegra:

É, tecnicamente, qualquer índice superior a 50% ao mês é visto como hiperinflação. Nós só não vimos as pessoas com sacolas de feira cheias de cédulas para uma comprar uma bengala de pão, como eu vi numa foto da Alemanha na década de 20. Na Bolívia, as mulheres faziam compra na feira trocando alimentos por dentes de ouro, que elas arrancavam ali, na frente do feirante.
Aqui a coisa foi mais na base do "café com leite". Eu já estava acostumado a ver reajustes de 50% a 80% ao mês sem reclamar. Hoje, as coisas sobem 20%, como no caso do leite, e eu fico escandalizado...

Obrigado pelo comentário, amigo!

Abraços,

André