Não, esta não é uma obra do grande autor Lima Barreto. Esta é uma modesta estória, de minha autoria, cujo teor é baseado em uma parábola muito conhecida por todos.
Paulo chegou desesperado à casa do amigo Gustavo, com um papel nas mãos:
- Gustavo, sabe o que é? Eu estou saindo com uma mulher casada e acho que o marido dela descobriu tudo. Bom, pelo menos foi o que ela me disse apressadamente ao celular, ontem à tarde. Aí, hoje, chegou esta carta lá em casa, mas é em um idioma que eu nem imagino qual seja! E eu acho que só pode ser coisa daquele corno!
- Ah, isso é javanês!
- Javanês??? Que raio de idioma é esse???
- É um dos idiomas falados na Indonésia, que fica na Ásia...
- Cara, tu manja desse idioma?
- Eu sei ler bem, mas falar, não...
- Então, pelo amor de Deus, traduz o que tá escrito aí pra mim!
- De graça?
Gustavo era uma espécie de gênio do bairro. Um homem muito educado, culto, falava vários idiomas, enfim um erudito, mas ele tinha um defeito: era pão-duro, não ajudava ninguém e quando alguém ia lhe pedir um favor, ele cobrava, na cara dura.
- Pô, a gente é vizinho... Um vizinho tem que ajudar o outro!
- Onde está escrito isso aí que você disse agora?
- Sei lá... Eu penso assim!
- Paulo, meu trabalho, meu ganha-pão, é justamente este: traduzir textos.
- Tá... Tá... - disse Paulo nervoso. - Quanto você cobra para me traduzir essa carta?
- Hummm... deixe-me ver... Mil reais!
- Mil reais para traduzir uma carta que tem só dez linhas??? - perguntou Paulo, indignado e assustado ao mesmo tempo.
- É o preço do meu serviço!
- Mas a gente é vizinho e...
Gustavo cortou-o na hora:
- Esse argumento você já usou e eu o refutei...
- Mas por que mil reais? Não pode ser, por exemplo, sei lá, 50... 100 reais? - questionou Paulo, desesperado.
- Vem cá: você não está louco para saber o que está escrito na carta?
- Sim!
- Então, tem que pagar, pois se você não sabe traduzir a carta e eu sei, você tem de pagar o valor do meu serviço! E são mil reais!
Paulo saiu correndo, deixando a carta com Gustavo. Instantes depois, ele voltou com os mil reais em mãos:
- OK, aqui estão os mil reais! Agora me diz o que está escrito nessa droga de carta!
Gustavo pigarreou e começou a ler a carta:
- Prezado senhor. Sou advogado da sua tia que vivia na Indonésia e que, infelizmente, acabou de falecer. Preciso entrar em contato com o senhor o mais breve possível, pois existe uma herança milionária em seu nome. Providencie tudo para que possamos nos encontrar em breve. Ah, consiga alguém que fale javanês, pois eu só sei falar esse idioma; nem inglês eu sei. O senhor acaba de se tornar um homem milionário. Seguem abaixo o meu e-mail e os meus números de telefone. Assinado Chairul Baldwin.
- Pô, eu não tenho tia nenhuma que mora na Indonésia... aliás, não tenho nenhum parente milionário... - disse Paulo, fulo da vida.
Gustavo, com um sorrisinho malicioso, disse:
- Mas você se esqueceu que o seu vizinho tem uma tia que mora justamente na Indonésia?
(FIM?)
Quem quiser, continue a estória. Treine a imaginação!
sexta-feira, 17 de abril de 2009
O HOMEM QUE SABIA JAVANÊS
Por Bronca no Trombone às 07:34
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