Nos anos de 1978 e 1979, ainda vivendo em São Paulo (SP), estudei em uma escola que “abrigava”, no melhor sentido da expressão, crianças e jovens com necessidades especiais – naquela época se usava um termo que não me atrevo a escrever aqui.
Entre esses portadores de necessidades especiais, estava o Zé (vamos chamá-lo assim, pois não sei qual seria a reação dele ou de sua família ao ler este post), um menino de seus 14 anos, que tinha uma memória acima do extraordinário!
Ele era capaz de decorar textos lendo-os apenas UMA ÚNICA VEZ. Como exemplo, cito o fato de que Zé conhecia, de cabo a rabo, o Almanaque Abril e o Guia de São Paulo.
A fim de testá-lo, um colega meu perguntou a ele:
-Zé, se eu estou no Jabaquara e quero ir na rua tal, na Lapa, quais ônibus eu pego?
E o Zé respondia, quase sem fazer pausa para respirar, os ônibus que o menino tinha que tomar para chegar ao seu destino.
Perguntaram para o Zé, certa vez, quantos leitos por mil habitantes tinha um país africano (não me recordo qual). Ele respondeu na mosca.
Detalhe: o Zé decorava o Almanaque Abril em questão de dias, apenas o tempo suficiente para lê-lo apenas uma vez.
Naquela escola, era necessário fazer 20 pontos para passar o ano. Como os professores conheciam bem o Zé, sabiam que ele ia tirar 10 em todas as matérias e, claro, como era hiperativo, ficaria disperso em sala de aula, talvez até prejudicando os colegas. Então, a tática usada pelos professores era a de dar notas mais baixas para forçar Zé comparecer a escola até o encerramento do ano letivo e ficar quieto em sala de aula.
(OS DIREITOS DA IMAGEM PERTENCEM À CATERINA FAKE, DO SITE http://www.salon.com/health/feature/1999/09/16/memory/)
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