domingo, 19 de abril de 2009

TOC - Transtorno Obsessivo-Compulsivo

 TOC
Ainda sem me prender a termos médicos, vou tentar explicar o que é TOC, pelo menos um dos tipos dele, falando da minha experiência com a doença.
Entre os anos de 1984 e 2000, eu sofria de uma forte insegurança nos meus relacionamentos. Achava que toda mulher com quem eu estava, me traía. Então, o que eu fazia? Arruinava a vida da pobre coitada com perguntas, checagens, desconfianças, mas de forma contínua, ou seja, as mesmas perguntas, as mesmas checagens, as mesmas desconfianças. Aí, eu levava um pé na bunda e... me sentia aliviado.
Também, nesse período, eu cumpria RITUAIS para aliviar a ansiedade. Querem um exemplo? Eu dizia para mim mesmo: "Prometo que se eu não fizer tal pergunta à fulana estes pensamentos horríveis vão sair da minha cabeça". Meu Deus, isso era terrível, pois a fulana ia me ver lá em casa e eu ficava me controlando para não fazer nenhuma pergunta.
E ai de mim se a moça estivesse estranha, chateada... Eu já achava que ela tinha outro.
Depois que meu pai teve um AVC (derrame) em 1999 e veio a falecer em fevereiro de 2000, o meu TOC mudou de foco. Tornei-me seguro nos relacionamentos amorosos, mas virei hipocondríaco, daqueles que se aparecer uma espinha na testa já corre para o médico para saber se não é câncer.
Com o advento da internet, e a maravilha que o Google é, hoje sou chamado de "cybercondríaco", ou seja, aquele sujeito que vai no Google (ou em outro buscador), digita os sintomas que tem e vê quais as doenças ele pode ter. A maioria pára aí. Eu, não. Eu corro para o médico. Nos últimos 4 anos, tenho mais de 40 passagens pelo PS, com o clínico-geral. E as mesmas perguntas e as mesmas checagens eu continuo fazendo, às vezes para o mesmo médico ou, então, para vários médicos. Por mais que digam que eu não tenho nada, lá estou eu no Google fuçando atrás de sintomas de doenças. E os rituais?, perguntarão vocês. Continuam. Eu faço a mesma coisa que fazia quando era inseguro com as mulheres. Só mudo o texto. Vejam só: "Prometo que, se eu ficar hoje, até a hora de dormir, sem consultar doenças na internet, isto que eu estou sentindo vai melhorar aos poucos".
O meu TOC pode até ser considerado discreto, pois eu não fico contando as coisas, lavando as mãos 50 vezes por dia, tomando inúmeros banhos... nada disso. O meu TOC é focado na CHECAGEM. Eu preciso estar sempre RECHECANDO uma informação. É por esse motivo que, quando eu vou sair, tenho que "consultar" o meu intestino, isto é, ir ao banheiro e ver se não estou com vontade de evacuar. Tudo isso porque um dia, 25 anos atrás, eu tive uma dor de barriga violenta, dentro de um ônibus lotado, a caminho da faculdade. Quando lá cheguei, a vontade de ir ao banheiro passou, mas o trauma ficou e até hoje eu sou "refém" do meu intestino. Isso também é TOC.

1 comentários:

S@ULO disse...

Caro amigo, meu toc é igualzinho ao seu, tenho que aliviar os pensamentos de culpa com frases do tipo: eu sou inocente eu jamais seria capaz de fazer mal a alguem, eu sou uma boa pessoa, as vezes faço isso em voz baixa, aí quando algumas pessoas percebem que estou falando alguma coisa sozinho sou chamado de louco. Lembro me do tempo de escola, em que eu era alvo de bulling por conta desses comportamentos estranhos. Isso deixou feridas em minha alma, tão quanto ao proprio disturbio. um forte abraço amigo...OBS: ja ouviu falar da astoc?