quarta-feira, 29 de abril de 2009

Malandragem e corrupção

corrupção

CRIANÇAS CARENTES

Em 1986, quando eu cursava o 3º ano da faculdade de Jornalismo, em pleno ano do Cruzado do Sarney, meu professor contou que precisou fazer um freelancer no lugar de um colega para um jornal empresarial. O tema era “Crianças Carentes”. Como não conseguiu fotógrafo, e por saber manejar bem uma câmera, lá foi ele para a Praça da Sé fotografar as crianças. Um menino chegou para ele e disse:

- O senhor tá fotografando “nóis” pra quê?

- Para uma reportagem sobre “crianças carentes”. – respondeu meu mestre.

O menino, mais que depressa, disse:

- O senhor me dá 20 cruzados que “nóis faz umas cara bem sofrida para a sua reportagem!”

Meu professor ficou sem ação, sem palavras e saiu dali.

8 TIROS

Acabo de encontrar um amigo na saída do mercadinho e ele desabafou:

- Cara, três meses atrás quase morri!

- Como assim? – perguntei.

- A polícia, um dia, me parou, e eu estava de moto. Eles pediram os documentos da moto e a habilitação, e eu não tinha. O PM falou que se eu desse R$ 250,00 ele me liberava. Daí, eu dei o maior esculacho nele, dizendo que ele era pago para proteger a população e não ser subornado. Fui embora e eles não vieram atrás, acho que porque havia gente por perto.

Então, eu quis saber o negócio de “quase morri”, e meu amigo explicou:

- Eu denunciei esse PM no batalhão onde meu tio lota, e o PM sofreu algum tipo de punição. O tempo passou e um dia ele me pegou sozinho, à noite, sentado na moto. Não tinha ninguém na rua. Ele, mesmo de longe, atirou na minha direção 8 vezes, e nenhum tiro pegou em mim!

Fiquei perplexo e o meu amigo concluiu:

- Denunciei ele de novo. Agora, ele tem que me pagar seguro de vida para sempre, fora as punições que levou!

DE FUSCA PARA ALFA ROMEO

Em 1982, fui passar o mês de julho numa cidade litorânea de São Paulo (prefiro não citar o nome, pois o que vou contar não tenho como provar).

Sem nada para fazer à noite, fui brincar no bingo da igreja. E lá ainda era a paróquia do mesmo padre que eu havia conhecido anos antes. Só que, até o ano anterior, o padre tinha um simples Fusca, bem cuidado, mas era um Fusca. Naquele ano de 1982, ele estava com um Alfa Romeo “cabacinho” (e naquela época era o carro mais caro do Brasil!). Então, em tom de brincadeira e crítica, disse:

- E aí, padre? Faturando com o bingo da igreja, hein!? Ano passado, o senhor estava com um fusquinha, e agora o vejo com um Alfa Romeo!

O padre ficou todo sem graça, fez uns gestos esquisitos, resmungou baixinho alguma coisa e saiu.

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